quinta-feira, janeiro 23, 2014

Computador no lixo



Eis um computador 
no lixo. E todavia 
o crânio de lata teve memória dentro 
– gigabytes dela! –, 
fez as quatro operações, 
aceitou versos 
no seu imaculado 
branco virtual. 

Agora já não soma 
nem subtrai, 
nem geme poemas, nem sublinha 
erros de ortografia. 
Os pingos de solda, precários 
neurónios de metal, 
perderam a memória. 

Já que te antecipaste, 
companheiro, 
diz-me como é não funcionar. 

E se a ferrugem dói.


A. M. Pires Cabral

Imagem retirada do Google

5 comentários:

Anónimo disse...

Faltava mesmo isto: poesia tecnológica. :)

Ontem à noite estava com inspiração e comecei a escrever um poema... mas depois fartei-me porque o que estava a escrever afinal não me agradava e o que foi escrito ficou em águas de bacalhau. Escrever nem sempre é fácil, é preciso esperar por aquele momento...

Anónimo disse...

Ui! Tanta coisa para processar a esta hora da 'madrugada'?

O computador no lixo, pronto.

Imagem retirada do Google?
Cuidado, trata-se de uma imagem nada exemplar.
Um computador não se coloca num contentor 'normal'.

Ai ai ai!!!

:)

wind disse...

Não é um contentor normal, vê a cor:)

Fatyly disse...

Muito original e gostei!

Beijocas e um bom serão

Anónimo disse...

Caramba! Tinha que ser azul...
:)