sexta-feira, março 15, 2013
Um Amor
Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos
transparentes como o fundo do mar para os afogados. Depois, na rua,
ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar
diferente inundava a cidade. Sentei-me
nos degraus do cais, em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali,
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada
recordação.
Nuno Júdice
Imagem retirada do Google
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2 comentários:
Este poema é triste mas bem verdadeiro.
Beijocas
Isso é do pior que pode acontecer, o não sermos capazes de reagir às perdas. Por vezes também dou por mim a lembrar-me do passado e em quem eu perdi, especialmente a minha última perda, e apesar de saber que quanto mais eu insisto em viver o passado menos tempo tenho de sobra para viver o presente, por vezes é simplesmente difícil não voltarmos atrás no tempo. :)
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