terça-feira, dezembro 11, 2012
Amei demais
Madruguei demais. Fumei demais. Foram demais
todas as coisas que na vida eu emprenhei.
Vejo-as agora grávidas. Redondas. Coisas tais,
como as tais coisas nas quais nunca pensei.
Demais foram as sombras. Mais e mais.
Cada vez mais ardentes as sombras que tirei
do imenso mar de sol, sem praia ou cais,
de onde parti sem saber por que embarquei.
Amei demais. Sempre demais. E o que dei
está espalhado pelos sítios onde vais
e pelos anos longos, longos, que passei
à procura de ti. De mim. De ninguém mais.
E os milhares de versos que rasguei
antes de ti, eram perfeitos. Mas banais.
Joaquim Pessoa
Imagem retirada do Google
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3 comentários:
Bonito soneto.
Bj
Não conhecia. Aliás, confesso: nunca fui muito dado a isso da escrita. Mas está muito bonito. Fiquei a saber que de Pessoa não temos só o Fernando.
Este poema diz-me muito! Lindíssimo!
Beijocas
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