sexta-feira, janeiro 06, 2012

Sentinela



O sol aquece
o pequeno tédio
de águas baixas
nos últimos minutos de luz
esculpida
na recente maré de fevereiro
já os pássaros se afastam
inquietos
com o súbito despertar do sono da serpente

mais uma vez
aquela sentinela
em observação contínua
indolente
aproxima a linha invisível
da fronteira
sob o peso do fumo da noite
à conquista do inútil

sobe o ruído surdo da cidade
do outro lado
como uma sílaba tónica
sem sentir o céu

está a fazer-se tarde
sem tempo para outro nada

João Maria-Nabais

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bonito.

O voo das gaivotas, em conjunto, acrescenta beleza.

Bj

mfc disse...

uma imagem fantástica!

Fatyly disse...

Gostei muito e a imagem é lindíssima!

Beijos