quinta-feira, dezembro 22, 2011
Natal
Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.
Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.
Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.
Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.
Manuel Alegre
Imagem retirada do Google
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6 comentários:
Eu já não acredito...!
Não consigo despegar o poeta do político e acredita que não consigo ler a poesia dele com os mesmos olhos.
Acredito na amizade, partilha e espirito familiar o que define o meu Natal...mas no dele(s) não acredito.
Beijocas
Manuel Alegre aqui está como poeta:)
Ao contrário da Fatyly, consigo separar o político do poeta.
E ainda bem.
Um Natal feliz, amiga.Cheio de alegrias.
1beijo daqui.
Feliz Natal, Wind!
Beijos nossos!
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