Existe um programa ao sábado de manhã na SIC que se chama “Alta
Definição”. É conduzido por Daniel Oliveira e onde os entrevistados se “despem”
da maquilhagem, de tudo e são eles próprios.
Esta introdução porquê?
Não sou uma pessoa que escreva, aliás nem gosto, mas no princípio
deste mês com um pouco de depressão, apeteceu-me escrever o que sentia e deixar
sair, foi tudo de seguida.
Atenção, chamei a isto “Poema”, mas não tem rima, não tem
ritmo, nada adequado a um poema:)
Partilho só porque pode haver pessoas como eu que precisem
saber exprimir o que está escrito e que não conseguem. Eu só consegui agora.
E pode haver familiares que entendam algum do comportamento
de alguém que seja depressivo, mas que esteja sob controle.
Poema
Não sou poeta
Aliás nunca quis ser poeta.
Como poderia sê-lo se tenho duas mãos esquerdas?
E isso é o oposto de ser artista
E o poeta é um artista, tem de sê-lo.
Um livre-pensador, com ou sem rimas
Escreve uma história com princípio meio e fim.
Se eu fosse poeta
Podia escrever sobre muita coisa
Mas não sou.
Assim fico-me pelos pensamentos
Que voam a 200km à hora
Mais depressa do que escrevo,
E isso não acontecia se fosse poeta.
Mas não sou poeta
Nunca vou ser poeta
Limito-me a sentir a poesia
De quem é poeta.
E sinto uma inveja terrível
De quem é poeta
E escreve no papel
Muita coisa que se passa na minha cabeça
E eu não consigo escrever.
Afinal não sou poeta,
Que fazer?
Continuar com duas mãos esquerdas
E continuar a viver.
Se eu fosse poeta
Podia escrever as minhas depressões
As minhas tristezas,
Coisas que me fazem chorar,
Coisas que disfarço,
Coisas que nem a mim conto.
Mas não sou poeta.
Se eu fosse poeta,
Talvez não tivesse duas mãos esquerdas,
Não seria se calhar
Depressiva, triste, chata, intragável,
Ao ponto de nem me aturar
E de afastar os outros.
Só que não sou poeta
E sou depressiva, chata, intragável
Já nem sei onde deixei o meu outro eu
Que não era poeta
Só se metia em confusões
Mas vivia a vida.
Mais valia ser poeta
Ser artista
Não ter duas mãos esquerdas
E saber onde é que o tempo me apanhou
Quando deixei de viver o tempo
E quando ele passou por mim
Sem eu dar por isso.
Mas eu não sou poeta
e tenho duas mãos esquerdas.
Isabel Cruz aka Wind - Julho 2015
Aqui fica uma foto minha sem Máscaras:)
7 comentários:
Para quem diz que não é poeta saíste-te muito bem! Aliás, se me permitires, eu vou-te roubar este poema para colocar lá no meu outro blogue. :)
Depressão? Então? Tudo o que vem também vai. A vida é mesmo assim. Sem altos e baixos não seria a mesma coisa.
Beijinhos e bom fim-de-semana.
Aproveita as férias para fazer fluir os teus pensamentos.
Bjs
Só para o anónimo que vem para aqui escrever parvoíces eu não me chamo Fatyly sou a wind.
Deixa a Fatyly em paz!
Andam-te a confundir com a Wind?? LOL, deve ser um anónimo que nem deve saber que ele próprio é. XD
Conheço-te há muitos anos e o que sempre te disse foi que nunca deixasses de escrever...e está aqui a "prova provada" do teu verdadeiro "sentir" num grito, melhor, num registo próprio.
Parabéns e volta a escrever para nosso grado e agradeço imenso a tua amizade sincera.
Estás na mesma amiga e sempre fotogénica!
Beijocas
Obrigada querida Fatyly:)
Beijocas
Obrigada também ao Observador e ao FireHead:)
Beijos
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