domingo, maio 15, 2011

Escrevo-te com o fogo e com a água



Escrevo-te com o fogo e a água. Escrevo-te
no sossego feliz das folhas e das sombras
Escrevo-te quando o saber é sabor, quando tudo é surpresa.
Vejo o rosto escuro da terra em confins indolentes.
Estou perto e estou longe num planeta imenso e verde.

o que procuro é um coração pequeno, um animal
perfeito e suave. Um fruto repousado,
uma forma que não nasceu, um torso ensanguentado,
uma pergunta que não ouvi no inanimado,
um arabesco talvez de mágica leveza.

Quem ignora o sulco entre a sombra e a espuma?
Apaga-se um planeta, acende-se uma árvore.
As colinas inclinam-se na embriaguez dos barcos.
O vento abriu-me os olhos, vi as folhagens do céu,
o grande sopro imóvel da primavera efémera.

António Ramos Rosa

Imagem retirada do Google

2 comentários:

Fatyly disse...

Potente e gostei muito!

Beijocas e bom domingo

Anónimo disse...

Bravo!