segunda-feira, outubro 31, 2011
Outono
Largo silêncio amadurece o Outono.
o coração das folhas em letargo.
de alcantilado bosque cai no sono
O parque. Modorra a luz no lago.
E a natureza ali rendida à calma
escuta, toda ouvidos num nenúfar,
rumores da Eternidade que a sua alma
Antiga toca numa cana-de-açucar.
Natália Correia
Imagem retirada do Google
sábado, outubro 29, 2011
Penúltima vivência
Quero só
o silêncio da vela.
O afogar-me
na temperatura
da cera.
Quero só
o silêncio de volta:
infinituar-me
em poros que hajam
num chão de ser cera.
Ondjaki, in"Poesia", pág.48, Editorial Caminho
Imagem retirada do Google
quinta-feira, outubro 27, 2011
terça-feira, outubro 25, 2011
Entre dois espaços duas sombras altas
Entre dois espaços duas sombras altas
o sentimento da montanha o vazio
nos passos
talvez o texto da terra e a mão
antes das pálpebras no ar
Caminho não de lábios mas de sombras
sobre a raiz do lápis sobre o pulso
caminho ou não
no círculo
dos passos
e esta é a frase do caminho
ou a lucidez do braço.
António Ramos Rosa
Imagem retirada do Google
domingo, outubro 23, 2011
sábado, outubro 22, 2011
Aniversário
"É incrível a força que as coisas têm, quando elas precisam acontecer".
Li esta frase quando tinha 17 anos e nunca a esqueci. Nem me lembro quem é o autor.
Acho-a perfeita para comemorar os 7 anos deste blog.
Este ano vai ser diferente, pois tudo muda.
Vou colocar um texto e uma foto de duas amigas que me acompanham desde o início e vice-versa:
Passos...
A vida é pautada por pequenos passos, por vezes titubeantes, outros mais decididos, outros marcados pelo peso de preocupações, doenças, suportáveis e por vezes tão insuportáveis.
A história de cada um de nós é feita por passos que damos e quem teve a feliz sorte de chegar "mais além", olha para a sua e interroga-se: O que já passei e como foi possível ultrapassar isto e aquilo?
Se fosse hoje não conseguiria.
Mas conseguem porque o mal é esbarrar em vez de saltar ou contornar, na parede desmotivadora que teimosamente que nos querem impor.
Mas conseguem se mudarem o discurso de "que neste país é tudo mau" e mesmo perante uma doença que poderá atingir qualquer um de nós, penso muitas vezes, apesar dos pesares, quem dera que muitos tivessem o nosso Serviço Nacional de Saúde!
Mas conseguem se deixarmos o cinzento e pegarmos numa cor mais alegre e com ela dar brilho ao nosso "eu" e assim também ajudarmos os outros!
Mas conseguem se aprenderem que a vida é pautada por pequenos passos.
Vamos?
Fatyly 21/09/2009
Foto:Eli
Li esta frase quando tinha 17 anos e nunca a esqueci. Nem me lembro quem é o autor.
Acho-a perfeita para comemorar os 7 anos deste blog.
Este ano vai ser diferente, pois tudo muda.
Vou colocar um texto e uma foto de duas amigas que me acompanham desde o início e vice-versa:
Passos...
A vida é pautada por pequenos passos, por vezes titubeantes, outros mais decididos, outros marcados pelo peso de preocupações, doenças, suportáveis e por vezes tão insuportáveis.
A história de cada um de nós é feita por passos que damos e quem teve a feliz sorte de chegar "mais além", olha para a sua e interroga-se: O que já passei e como foi possível ultrapassar isto e aquilo?
Se fosse hoje não conseguiria.
Mas conseguem porque o mal é esbarrar em vez de saltar ou contornar, na parede desmotivadora que teimosamente que nos querem impor.
Mas conseguem se mudarem o discurso de "que neste país é tudo mau" e mesmo perante uma doença que poderá atingir qualquer um de nós, penso muitas vezes, apesar dos pesares, quem dera que muitos tivessem o nosso Serviço Nacional de Saúde!
Mas conseguem se deixarmos o cinzento e pegarmos numa cor mais alegre e com ela dar brilho ao nosso "eu" e assim também ajudarmos os outros!
Mas conseguem se aprenderem que a vida é pautada por pequenos passos.
Vamos?
Fatyly 21/09/2009
Foto:Eli
quinta-feira, outubro 20, 2011
Sei de beijos mais nocturnos do que a terra
Sei de beijos mais nocturnos do que a terra
Animais submersos entre violentas árvores
vêm ao cimo das bocas convulsivos oleosos
Sei da grandeza fulgurante ondulada e eléctrica
das bocas ávidas e do sangue que vem do fundo
como um incêndio que floresce em lábios espumosos
Sei de uma estranha suavidade e de um pensativo ardor
que modula o beijo numa demora fascinada
Quem poderia dizer a glória fluida e ardentíssima
destes líquidos músculos que desembocam em estuários de espuma?
Sei de beijos como abelhas de sol e como uma agonia
de uma longa glória Conheço as matérias salgadas
e agridoces a argila a seiva o vinho
e o grés das axilas a lua negra do púbis
Conheço o sabor aceso e espesso do intacto
que imediato se entrega na violência silenciosa.
António Ramos Rosa
Imagem retirada do Google
terça-feira, outubro 18, 2011
A água tanto pode ser uma guitarra de indolência
A água tanto pode ser uma guitarra de indolência
Como a agonia violenta de espumantes leões
Mas ela é sempre um ritmo fragrante um odor profundo
da penumbra insurrecta de uma garganta de pólen
Perante o mar a identidade desmorona-se e renova-se
Como se as grandes massas do universo irrompessem
da violência de um segredo de uma pátria insustentável
E quando se ergue como um tumultuoso túmulo
dir-se-ia que se arranca do centro ou que o expulsa
em ímpetos de uma violenta frescura primitiva
E é a sua agonia abundante no esplendor de um brocado
que nos bafeja a fronte e nos limpa o olhar
Mas à luz do poente a água é uma plácida
E melancólica cisterna no seu azul de planeta
e sempre a materna abundância do seu seio
nos reconcilia e retempera como se o seu corpo
fosse a fábula verde que regenera o mundo
António Ramos Rosa
Imagem retirada do Google
domingo, outubro 16, 2011
Madrigalete
Que alvor anuncia
no escuro
a hora mais fria
antes d'alvorada?
-É a branca alegria
no muro
da flor da geada.
Manuel Filipe, in"O Rosto Remoto", pág.55
Foto:Eli
sábado, outubro 15, 2011
sexta-feira, outubro 14, 2011
quarta-feira, outubro 12, 2011
Dizes
Pedes um cigarro
para acalmar a febre
que lavra nos dedos
dizes "meu amor
tomara que a vida
arda mais depressa"
fogem-te das mãos
pássaros de fogo
que rumam às estrelas.
Manuel Filipe, in"O Rosto Remoto", pág.51
Imagem retirada do Google
segunda-feira, outubro 10, 2011
Glosa à chegada do Outono
O corpo não espera. Não. Por nós
ou pelo amor. Este pousar de mãos,
tão reticente e que interroga a sós
a tépida secura acetinada,
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos;
este pousar em que não estamos nós,
mas uma sede, uma memória, tudo
o que sabemos de tocar desnudo
o corpo que não espera: este pousar
que não conhece, nada vê, nem nada
ousa temer no seu temor agudo...
Tem tanta pressa o corpo! E já passou,
quando um de nós ou quando o amor chegou.
Jorge de Sena
Imagem retirada do Google
sábado, outubro 08, 2011
Advertência
Dizem-me distante da terra
e, qual judeu errante,
não pude criar raízes
(leia-se amigos
confrontos
países).
Que não vos espante
me sejam tão fáceis
os adeus.
Manuel Filipe, in"O Rosto Remoto", pág. 10
Imagem retirada do Google
quinta-feira, outubro 06, 2011
Subitamente
Subitamente
em pleno acto de amor
pediu-lhe um rosto
a mais crepuscular
prova de vida.
Manuel Filipe, in"O Rosto Remoto", pág.35
Imagem retirada do Google
quarta-feira, outubro 05, 2011
Habilidades
Façam click e tenham uns bons momentos de descontração. As habilidades são impressionantes!
http://www.youtube.com/watch_popup?v=Vo0Cazxj_yc&vq=medium
PS:Desligar o som do blog no lado direito.
http://www.youtube.com/watch_popup?v=Vo0Cazxj_yc&vq=medium
PS:Desligar o som do blog no lado direito.
segunda-feira, outubro 03, 2011
A lucidez do amante que adormece...
A lucidez do amante que adormece
sobre o seio da amada é a respiração da palavra
que movendo-se se deita sobre o seu ténue leito
que é uma nuvem que avança e no ar se dissipa
Mas o seio da palavra é o seu horizonte
que está para além de uma montanha branca
de silêncio e vagarosa luz
e quando se abre é plumagem de uma ave
que não tem corpo e é o que não há
num cintilar de nulo sortilégio
em que a lucidez encontra o seio e o horizonte
que vibram com a côncava harmonia
de não serem mais que a ténue integridade
de uma matéria que se tornou ritmo e puro espaço
António Ramos Rosa
Imagem retirada do Google
sábado, outubro 01, 2011
Sem luz
Os dedos doridos
dançam na minhas mãos
ao som da música
que ainda sabemos entoar.
Mesmo doridos (os dedos) e as tuas mãos
em mim, são palavras de amor,
de esperança
e - talvez - de um fogo de nós.
Não me deixes sem luz.
Paula Raposo, in"Insubmissa", pág.27
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